IV – MOTIRÕ EM MOVIMENTO (1ª EDIÇÃO – ABRIL DO SKATE)

I NOITE DO SKATE

Bem Vindos

Depois de muito esquentar meus neurônios pra imaginar como começaria esse release, decidi fazê-lo como a própria construção do evento, de forma coletiva. Recolhi alguns posts, depoimentos e publicações, até mesmo afim de entender melhor o que foi essa noite histórica, com tanta intervenção e uma sinergia sem igual. O Coletivo N.A.S.A., conseguiu, efetivamente misturar até quem não se mistura.

A noite se inicia com a montagem do BAZART, mais tímido nessa edição, contou com as guerreiras sempre presentes Mofo da Nega e Marinega Brechó. A V4MO, além de trazer sua participação, também decorou seu espaço com shapes personalizados assinados por Du Beluco. Miolo Mole vendeu praticamente tudo do novo conceito “Viciado“, Os Fanfarrões compareceram com hilárias canecas personalizadas e a estreiante Deadless Skateboard, compareceu em grande estilo, tanto com seu vestuário Skateboard & Rock quanto na participação de Palmer, o skatista-tatuador old school contribui rasgando a pele de convidados, executando apenas tattoo’s relacionadas ao skate, até a pista velha foi lembrada no braço de Carlos Pretto. Pra muitos um borrão, pra nós a Identidade!

Giba Cossia apresentou o Streetluge, expondo macacão, equipamentos e um vídeo que trouxe a adrenalina total que essa modalidade exige.

E falando em BAZART, nessa edição aconteceu também na rua. É isso mesmo, a Kombi do RAP veio e fez um mini Motirõ em Movimento na calçada. Haviam roupas da Vato Loco, CD do idealizador do projeto Mc LiuMr entre outros CD’s de geral que participa da Kombi do RAP, saca só o evento pela ótica da Kombi do RAP que participou o tempo todo do evento com muito RAP, algumas poesias e uma energia de quem trabalha sério pelo Movimento:

Aperte o PLAY!

Aproveitando a Rua, nela se instalou a Mini Ramp, ocupando uma vaga de carro, foi como um Oásis, as pessoas esfregavam os olhos não acreditando que ali havia mesmo o estímulo tão significativo ao esporte. Uma grande correria feita com êxito por Gugu e Vagner Preto, trouxe um equipamento acima de tudo com qualidade e acabamento, profissionalismo puro que é o mínimo que o skate merece. Entre tantos momentos, o que mais chamou a atenção foi quando haviam alguns meninos de rua usufruindo com skates emprestados e em algum momento, auxiliado por Piuí e Diego Caetano, um deles realizou seu primeiro Drop e o público presente agitou como se fosse um campeonato à aquela realização minimalista porém, transformadora.

Fechando a rua, o sempre presente Live Paint em que as telas são sorteadas ao público presente, contou com Celo, Paçoca e Neguim. Mesclando gerações e tipos de skatistas, traduziram em tinta o amor que sentem ao Skate-Arte.

Efetivamente, os trabalhos foram iniciados com um diálogo sobre o Cenário Atual do Skate no Brasil. Mediado por Flávio Nascimento, o Piuí, conseguimos reunir todas as gerações e “espécies” de skate presente em nossa região:

“Salve Motirõ! Em primeiro lugar quero agradecer o espaço dado para o dia do skate, assim mostrando as diversas formas que ele interage dentro da vida das pessoas, sendo na música, arte, esporte, atitude e estilo de vida. Agradeço a oportunidade ajudar a esclarecer a discussão sobre a questão do comportamento atual dos skatistas e consumidores do mercado e a maneira de como se pode ajudar a mudar as atitudes das empresas do mercado perante o cenário do skate. Tal esclarecimento não seria possível sem ajuda dos meus amigos, skatistas e pessoas que fazem pelo skate: Eduardo Braz, Carlos Pretto, Vanderlei Arame, Allan Carvalho, Ricardo Kafka, Giba Cossia, Douglas Kalil, Fábio Gheraldini, Du Beluco, Diego Caetano, Palmer entre outros presentes. A energia foi uma e uma só totalmente sintonizadas, skate de verdade. Agradeço todos realmente, sem palvras. Também fiquei horando de compartilhar com todo o público presente um projeto de exposição de textos e fotos que contam a História do Skate de São Bernardo do Campo, o qual tenho rodado há dois anos junto com Carlos Pretto. Aproveitando o tema desse projeto, eu gostaria de ajudar a esclarecer o porque de uma exposição sobre a História do Skate de SBC acontecendo em outras cidades. Isso não é a história de que aconteceu em uma determinada região, na verdade isso é uma parte importantíssima da história do skate brasileiro, em que essa cidade é o endereço da maior e melhor pista de skate do país durante nos anos 80 e desde sua reforma de 2007 voltou a ser a maior e melhor da América Latina, e por isso vem sendo considerada berço do skate nacional. Vários skatistas de diversas regiões do país passaram pela por ela, essa cena impulsionou a evolução do skate do Brasil inteiro. Para quem gostaria de se aprofundar mais sobre o assunto, eu sugiro assistir o filme Vida Sobre Rodas. Mas realmente eu entendo e contesto também: e Santo André? O que aconteceu com antiga pista? E porque depois de tanto tempo sem uma pista pública, aparece uma em que tinha tudo para ser uma evolução de São Bernardo e dá tudo errado? Grandes nomes do skate brasileiro e mundial (ex: Vanderlei Arame, Eduardo Braz, Rodrigo Rozales, Sandro Dias, Karen Jonez, Andre Cywinski) são de Santo André, muitos tiveram que treinar em outras cidades ou em pistas particulares para poderem ser campeões mundiais? Quero deixar bem claro que isso não é uma coisa isolada que aconteceu por causa dessa gestão municipal ou outra, isso vem acontecendo direto por tudo o Brasil, o desperdício dinheiro público em concreto torto e mal feito atrasa é o que skate, atrasa o país. Enfim, esse assunto que não tivemos tempo esclarecer no primeiro dia do Motirõ especial mês do skate, EU SUGIRO SER LEVANTADO E DISCUTIDO, e os skatistas que eu indico a serem convidados a presenciar e esclarecer: Eduardo Braz (skatista profissional de Santo André), Carlos Pretto (coordenador da Pista de SBC), Cacio Narina (skatista pro-legend e construtor de pistas de skate) e Ed Scaner (diretor da CBSK) é claro, da Associação dos skatistas que revitalizou a nova pista pública de Santo André, o Parque da Juventude. Gostaria de relembrar que a essência do evento Motirõ é a reunião de discussão de assunto em prol a bem de todos e sendo a primeira atração do evento seria legal se todos que realmente se importam com o ASSUNTO SKATE, chegassem cedo para assistir essa reunião e começar a mudar as coisas.”

Por Flávio Nascimento, o Piuí.

E aí veio a música…

K72, banda de Mauá, trouxe seu som sujo e agressivo, com certeza um dos combustíveis para o Skate. Com sua bateria possuída e vocal expressivo, trouxe o verdadeiro Punk Rock ao palco.

Dj Dablyo deu continuidade com seu carisma e talento, batendo forte no grave com o RAP, aqueceu a pista até…

Um dos grandes feitos do evento, foi a reunião de dois ícones da música alternativa formados na década de 80. Doctor Mc’s e Subviventes!

Doctor Mc’s mexeu e remexeu, emocionou geral, entre beats novos e clássicos, fez geral relembrar a época boa do Rap em meados dos 80/90. Ao som de Energia, Tik-Tak, era nítido o saudosismo instalado. Finalizando a apresentação com bate-cabeça enérgico ao som de UBC.

Subviventes encerrou a noite com seu Punk Rock clássico. Desde 1988 na estrada não deixou o saudosismo passar, com um público leal incluso os comentários de quem acompanha desde o começo e teve a oportunidade de assistir pela primeira vez.

Emoção, sim, o musical, ainda que em tom agressivo, realista, de protesto foi tomado de sentimento nostálgico de atitude e identidade de um público mesmo que diferente, toma o mesmo rumo quando se fala em cultura e resistência.

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Conclusões:

“Motirõ: do Tupi, mutirão, reunião para fins de colheita ou construção, ajuda. Em Movimento: Todo mundo que faz isso acontecer livre de protagonismo.
Gostaria de parabenizar a COLETIVIDADE pelo evento Motirõ em Movimento, cada pessoa com o propósito de transformar, informar, somar, dedicando horas de trabalho para algo maior do que o dinheiro é sim o MOVIMENTO em que dedicamos as nossas vidas por amor, por acreditar no estilo de vida escolhido, seja o Punk, o Skate, o Graffiti, o Rap, a Tattoo, a Fotografia e o Artesanato citando algumas linguagens que tivemos no evento foi a celebração de toda uma caminhada adquirindo conhecimento com os tapas na cara que a vida nos dá ensinando os caminhos orientando nossas escolhas.
É de grande satisfação pessoal minha dividir isso com grandes representantes dos segmentos que citei acima. Esse encontro de gerações que foi proporcionado ali serve de reflexão e inspiração para os mais jovens, e inspiração, gratidão e RESISTÊNCIA para os mais velhos, o resultado é saber que o acreditar e a caminhada de todo mundo valeu a pena, livres de protagonismo produzimos um evento histórico não só para a cidade mas para os MOVIMENTOS e a vida de tudo mundo.
Estamos VIVOS, nos MOVIMENTANDO, NÓS por NÓS, fortalecendo SIM, com propósito SIM, horizontalmente, exaltando a NOSSA CULTURA, os produtores locais e alternativos, amo o que faço, meu estilo de vida, a cultura de rua, é isso que eu vivi bem vivido até hoje e me sinto um privilegiado por participar de tudo isso. Muito obrigado VIDA!”

Por Ney Braga

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“Cheguei na situação e já trombei o Ratão de bike curtindo a cena, veio lá da leste pedalando pra prestigiar o movimento, atravessei a rua a Kombi do Rap armada com Rap, microfone, ideologia e poesia, a galera do Sarau na quebrado representando e somando, fui um pouco para esquerda o carro da Red Bull quase me atropela, sai da rua para evitar acidentes e trombei o Celo pintando uma tela, pensei comigo fudeu, isso porque nem entrei ainda na parada, resolvi fumar um cigarro pra ver o movimento e na seqüência já pensei vou cair pra dentro, nem passei a portaria trombei o Estrela e perguntei: caraio ta fazendo o que aqui mano ?
– Fiquei sabendo que ia ter um som punk e vim curtir o role.
Cai pra dentro trombei o Fabrício outro mano punk tomando uma na frente do bar, to chegando perto da pista trombo Clé Belmiro, Re Gavião, Nobru e a galera da Leste (São Roberto, Jardim Elba, Conj. Jaú e Cardoso) aguardando o Doctor entrar, pensei mano que arregaço, fui tomar um ar pois a noite prometia e o mini ramp bombando e a rua fechando de gente.
Resumindo em poucas palavras foi a noite da diversidade, da amizade, da cultura e tranqüilidade, várias tribos ocupando o mesmo espaço, curtindo, interagindo, conversando e articulando, ainda bem que todo mundo entendeu que a energia era positiva, não teve espaço para maldade e nem para falta de sinceridade, o que rolou naquele dia, naquele momento e naquele evento foi a força da cultura de rua, pois quem tem a responsabilidade e obrigação de organizar esse tipo de difusão não se prontifica, então nós nos organizamos e fazemos com nossas próprias mãos, e quando digo nós não estou me referindo ao coletivo, mas todos aqueles que querem difundir, transmitir e compareceram no evento para somar e prestigiar, fica então o sentimento de que várias outras coisas boas estão por vir e as portas para participar estão abertas para quem quiser conhecer, entender e participar.”

Diário de um Zé povinho! Autoria DesCauêcida: ETROM.

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Dentre tudo isso que rolou, a família Tupinikim, além de toda parceria e todo empenho no operacional do evento, apresentou e distribuiu seu novo cardápio de pizzas orgânicas ao público presente que pôde desfrutar dessa novidade deliciosa.

Sendo assim, como skatista de alma há 16 anos tenho como gratidão essa reunião, desde a primeira escola representada por Giba, Pretto e Jeff até o primeiro Drop de uma criança, infelizmente de rua em um mínimo espaço de tempo. Reunião do Rap com o Punk Rock, e a inserção da informação a quem não tem.

E por conta da magnitude desse registro ser feito sem deixar detalhes passar, o registro fotográfico ficará melhor visto no Facebook. Realizado por Ricardo Kafka, Aoran Draganofi e Allan Carvalho:

Álbum de fotos do IV – MOTIRÕ EM MOVIMENTO por Ricardo Kafka, clique aqui.

ou

Álbum de fotos IV – MOTIRÕ EM MOVIMENTO por Aoran Draganofi, clique aqui.

E que venha a II Noite do Skate! O Coletivo N.A.S.A. agradece a todas as participações diretas e indiretas que acreditam

Release por Sergio Narciso, há 16 anos Skatista, Técnico Administrativo em Telecomunicações e Produtor

Um pensamento sobre “IV – MOTIRÕ EM MOVIMENTO (1ª EDIÇÃO – ABRIL DO SKATE)

  1. Diego Caetano >RASTA disse:

    Oque dizer de tamanha grandeza cultural??? Fico muito feliz em ter sido convidado pelo NASA para participar ativamente deste coletivo. Espero ter sido util como este evento foi util para mim… >>>>>>>GO SKATE<<<<<<<<

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